Andale , andale, andale .....
Agora chegou o ponto onde o objetivo é voltar, voltar e voltar...
Já percorremos mais de 6000 km e o cansaço começou a aparecer.
De Rio Branco tínhamos o objetivo principal de ir à Porto Velho, cerca de de 500 km de distância. Entretanto, achamos que poderia ser possível avançarmos um pouco mais. O próximo objetivo seria então Ariquemes em Rondônia. A dúvida principal tangia as condições da estrada até lá e se seria possível rodarmos 700 km naquele calor que é insuportável. Naquele mesmo dia registraríamos mais de 39 graus na estrada. Imaginem 39 graus, debaixo de sol o dia todo e com a estrada ruim! Seria horrível , não ?
Não, FOI HORRÍVEL !
A estrada era boa e sem nenhum problema, alguns trechos remendados mas nada comparado o que iríamos ver mais à frente entre Cuiabá e Rondonópolis. Foi realmente um desafio rodar naquele calor por tanto tempo. Abri a viseira do capacete algumas vezes, a sensação era que o rosto ia sendo queimado aos poucos não pelo sol mas sim pelo bafo quente proveniente da estrada. Julguei melhor manter a viseira fechada. As paisagens continuavam sendo muito bonitas apesar do calor escaldante. Mantive três garrafas de água no meu tank's bag que sumiram rapidamente.
Neste trecho, infelizmente pouca coisa restou para comentar além do calor e das estradas.
O destaque do dia ficou por conta do jantar em Ariquemes. Fomos à um restaurante chamado Arpoador ou Ancoradouro, não lembro do lugar e sim somente a associação que fiz ao rio que chegando na cidade descobri que não existia.
O rango foi excelente e comemos alguns peixes que eu não conhecia, Tucunaré e Costelinha de Tambaqui.
Tiramos fotos dos peixes que foram pescados em lagoa e que ao que nos consta é proibido por lei.
Interpelamos o restaurante sobre esta proibição e a dona alegou categoricamente que o peixe era comprado de um criador que os tinha em cativeiro. Sei lá e este cativeiro devia ser bem grande pois o sujeito tinha um belo barco amarrado à picape.
Interpelamos o restaurante sobre esta proibição e a dona alegou categoricamente que o peixe era comprado de um criador que os tinha em cativeiro. Sei lá e este cativeiro devia ser bem grande pois o sujeito tinha um belo barco amarrado à picape.
O peixe era ótimo e os acompanhamentos ainda mais ...que delícia....eu e meu estômago de avestruz nos deliciamos com o jantar apesar de ter passado um dia "apertado".
Nem tudo são flores no mundo de Alice, apesar do jantar ter sido muito bom, estávamos irritadiços devido ao calor e o sofrimento do dia. Era iminente alguma discussão caso alguma farpa fosse solta. Muitas reclamações por todas as partes e que só foram percebidas após um dos integrantes nos chamar a atenção.
De repente, um momento de estresse e ainda bem que ele existiu. Pudemos colocar algumas coisas no trilho novamente e a maturidade do grupo prevaleceu.
No dia seguinte, tudo resolvido e o momento crítico já havia sido ponderado e superado. Fomos rumo à Rondonópolis com parada em alguma cidade que ficasse no trajeto até lá.
Tivemos que parar por alguns minutos, ou uma hora, para atravessar o Madeira-Mamoré. Pasmem, mas após a ferrovia construída em 1912 ainda não temos uma ponte para seguir viagem via terrestre.
Este tempo serviu para batermos um papo com o pessoal e explorar o novo roteiro de 2011.
Ficamos sabendo também que a balsa tem encalhado devido as secas, acreditem ou não, caminhoneiros nos disseram que chegam a ficar 12 horas para atravessar naquele trecho. Outros, afirmaram ficar encalhados durante a passagem ....uma piada.
Decidimos parar em Pontes e Lacerda após um dia ótimo de "pilotagem".
O único incidente foi um sujeito parado à frente de um caminhão empunhando uma arma. Não sabíamos se era assalto ou escolta do caminhão, mas tá aí registrado.
O objetivo era de certo Alto do Aguari, mas as condições da estrada nos fizeram parar em Rondonópolis.
Os caminhões faziam filas intermináveis e a ultrapassagem era um exercício de egoísmo e arrojo. Era impossível manter-nos a unidade do grupo, tinhamos que passar um caminhão por ver e este processo durou o dia todo.
Algumas observações aqui. É uma vergonha um país do tamanho do Brasil e com o PIB que temos ter naquela região um estrada tão ruim e naquelas condições de preservação. É revoltante ver que uma estrada que serve de via para escoamento das safras de grãos ter uma pista que vai e outra que vem, totalmente esburacada e sem as mínimas condições de transitação. Pior ainda é ter que se referir a este tipo problema no ano de 2010. Realmente, merecemos o governo que temos. O mundo discute energias alternativas, meios de transportes coletivos e mais eficientes, aqui discutimos se a estrada é boa ou ruim. Inaceitável.
Jogamos bilhões de dinheiros no lixo todo ano com um infinidade de futilidades e desperdícios. Ver o turismo e as estradas no Peru, Argentina e Chile nos faz questionar em que patamar este país realmente está.
Fiz meu desabafo e agradeci somente naquele momento ter feito a viagem em uma Big Trail, pois caso não o fosse, demoraria 3x mais tempo e não sei em que condições faria e terminaria este trecho.
No dia seguinte iríamos para Caldas Novas, 810 km de onde estávamos e torcíamos para que as estradas fossem boas. A informação de que eram já tínhamos recebidos , mas ....
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