terça-feira, 10 de janeiro de 2012

+ 1....SP- Buenos Aires -SP

Após alguns longos meses sem postagem retorno ao meu diário de bordo ...

Um amigo me fez a pergunta : "Hachide não viajou este ano?".

Respondo-lhes: Este ano ainda não, mas de 05 a 15 de Novembro de 2011 realizei um bate-volta de Háááááli-Daviiiss a Buenos Aires com dois grandes amigos, Daniel & Daniel. Foi uma experiência show de bola, apesar de curta né ...5200km.



Começamos em São Paulo seguindo pela Castelo , seguindo pela Ruta 14 até Buenos Aires. A volta deu-se pelo tradicional Buenos Aires, Buque Bus, Colonia(Uruguay) Montevidéu, Almoço em Punta Del Este, Chui, Torres(RS), Balneário de Camboriú e finalmente São Paulo. Apesar de um pouco atrasado decidi escrever para não passar em branco. Alguns fatos inusitados que aconteceram merecem destaque e seria egoísmo mantê-los para os protagonistas. Seguimos somente de HDs, duas Deluxes e uma 883 Iron...o Danzinho foi de Iron 883 ! Recebeu a patente de Iron man...pois não é fácil encontrar alguém que encara uma viagem deste porte numa Iron....mais destaques  quando eu digo que a única coisa que ele tinha de acessório era um encosto! Sem bolha, sem descanso de pé, sem comando avançado, sem sensibilidades na mão, sem coluna vertebral, sem pernas e assim vai....



Bom, a viagem foi tranquila até Campo Mourão, destaque aos viajantes de primeira jornada e ao Chiquitão que foi ao nosso local de partida para desejar-nos boa sorte e já começar o aquecimento ao Ushuaia. A tocada pela Castelo é bem sossegada. Calor como de costume, já que fomos no começo de Novembro...A primeira parada foi o até Campo Mourão.....750km...(destaques aos companheiros) pois nenhum dos dois DaniEIS haviam feito nada nem parecido e mandaram muito bem...confesso que eu pressionei um pouquinho, pois queria chegar a Foz ...mas chegamos bem perto.
O dia seguinte foi bem tranquilo e conseguimos visitar as Cataratas, dar uma relaxada e jantar muito bem. Destaque para o taxista que parecia um encosto....chamamos um Táxi para ir as Cataratas e apareceu este "amigo"; versão brasileira do Cable guy (Jim Carey). Parecia assombração...Chamamos um táxi para sair para jantar: Cable Guy de Novo...voltamos do jantar...Cable Guy de novo..PQP! O problema é que o sujeito parecia da Gazeta de Foz ou Contigo de Foz ou ainda, Caras de Foz...queria saber onde morávamos, o que fazíamos , quais eram nossas motos, pra onde iríamos,tamanho do calçado e assim vai. Aquele roteiro típico de taxista. Todas as vezes que subimos naquele transporte do inferno começava o interrogatório..sem contar que o P* nunca tinha dois reais de troco....na terceira viagem já tinha levado R$4
de lambuja. No retorno do jantar eu bolei um plano para me vingar, mas o mantive para mim : "Vou pagar R$4 Reais a menos neste retorno quando ele me questionar do resto eu lhe respondo que deve contar a falta de troca para completar ". O Costabile teve ideia similar e tbm não me comunicou ....na saída do táxi me disse: "Xá comigo". Depois ele me disse o que fez: pagou em cheque ! hahahahah...fiquei desolado assim mesmo...pois não queria deixar os R$4 de gorjeta para aquele cara CHATO!

Daniel, Danzig e HachideX

O dia seguinte seria mais "emocionante". Entramos na Argentina sem problemas e começamos a sentar a pua. Uma velocidade incrível : 120Km/h. O dia começou com uma gafe, característica que eu desenvolvi ao longo dos anos. Encontramos uma van de pescadores brasileiros retornando de Corrientes. Papo vai e vem e solto a pérola: Bom, estamos de férias aqui...uam semaninha pra emendar com feriado..férias da mulher e etc...um dos pescadores responde com aquela face triste: "Minha mulher morreu há um mês". Pensei comigo "PQP....tinha que ser comigo". Imediatamente respondi: "Agora vc pode viajar à vontade então" (brincadeiras...não tive coragem...mas juro que pensei). Dei um sorriso amarelo, soltei um sinto muito e só.
O pescador nos alertou e a citação a seguir é literal: "Os putos dos azuzinhos (Policia Camineira) nos levou U$300. Colocou um monte de problemas na van que não tínhamos, reclamou da cerveja, alegou que ultrapassamos nas faixa amarela dupla e assim vai, mencionou que iria prender o veículo e decidimos pagar as multas ali mesmo;esta policia camineira é uma instituição de ladrões." Pensei comigo: Como eles não sabiam lidar com estes mortos de fome? Nos despedimos e seguimos viagem. vcs estão perguntando o porque desta transcrição deste diálogo ridículo? Aguarde cenas dos próximos KMs.

Seguimos viagem, seguimos viagem, seguimos viagem e seguimos viagem. O sol castigou este trecho o dia todo, pegamos trânsito durante uns 10-15 KMs antes de Posadas onde viraríamos à esquerda para seguir pela 14, já que vínhamos da 12. Mantivemos em mente a descrição do Sr. Pescador...."A patrulha antes de Posadas onde há uma construção". Passamos pelos assaltantes/policia Camineira sem problemas...porém percebemos que erramos a entrada...tivemos que voltar e passar em frente aos policiais/assaltantes sem problemas mais uma vez, mas o mesmo raio não cai na cabeça duas vezes. Continuamos sem incidentes. Um aviso aos viajantes em relação aos postos de gasolina, pois continuam não aceitando "Tarjetas de Credito" e muitos dos postos listados no GPS ação de Diesel somente. Preocupávamos com a 883 do Danzig, tanque pequeno e consequentemente menor autonomia. Enfim, deu tudo certo apesar de pararmos com 250km e o tanque tinha apenas mais um litro que comparado com outras paradas consideramos que o tanque estava CHEIO. Nossa rota manteve-se na 14 e cometemos um erro neste trecho, decidimos parar aos 70 e pouco KMs. A estrada está sendo duplicada e as condições do asfalto são ruins para HDs. O erro consumou-se quando procuramos algum lugar pra dormir e não achamos por ali. Tivemos que rodar muito tempo a noite em uma via congestionada de caminhões e participamos do terceiro episódio da trilogia: A morte pede carona/passagem. Era um caminhão imenso, com carreta, vazio que andava a 130km/h empurrando-nos por algumas dezenas de KMs....como diria o Danzig: "Foi tenso"!
O dia só é interessante quando é completo.Logo, após andarmos nas estradas desniveladas, fugirmos do caminhão assassino, vermos duas ambulâncias trocando corpos à beira da estrada chegamos em Chajary. Uma cidade popularmente conhecida por aquele lugar (*) do mundo. Prontamente decidimos pegar o melhor hotel do centro da cidade. O ar condicionado parecia um frigorifico, no check-in já recebemos uma lata de detefon ( eles não tinham pernilongos, eles tinham colônias de pernilongos). O cheiro de cigarro era insuportável, mas as 21:00hs já não havia disposição para caçarmos outros hoteis. Pagamos US$90 por quarto.....DILICIA!

Considerando que havíamos rodado mais do que o objetivo devido ao processo infindável de procura de hotel em alguma cidade não fantasma, restou-nos apenas 350Km até Buenos Aires. Acordamos mais tarde, tomamos nosso café e saímos em direção a CapitaLLL FederaLLL, como dizem lá.
350km ? Moleza, pois a maior parte do trecho em duplicação havia sido percorrido, certo ? Errado...
Na fronteira da província de Entre Rios conhecemos a temida, implacável, morta de fome, miserável, honesta e sem mais delongas: La Policia Camineira!
Pois é, lá estávamos nós em processo de averiguação.
Policía Camieneira: - Documentos de la moto!
Nosotros: Si, por supuesto.
Policia Camineira: -Passaporte!
Nosotros: Si, carajo( improvição do autor), por supuesto.
Policia Camineira: Venga aca.
Nosotros: F*eu...

Lá se vão nossos documentos, passaportes e um gentil convite para acompanharmos os policiais a uma mesa abaixo do nível da rodovia onde perceberiam-nos somente após os corpos estarem em putrefação.
Começa uma longa, complexa, tensa e divertida negociação....O golpe funciona assim ó:

  1. O guarda some com todos os seus documentos.
  2. Depois ele te acusa de infringir uma série de regras e sinalizações de trânsito.
  3. Ele te enquadra na multa mais cara.
  4. Mostra uma tabela de preços com desconto caso se pague na hora. Acredite ou não, com desconto caso pague na hora.
  5. A alegações são feitas com veemência e convicção.
  6. Eles tentam de alguma maneira descobrir quanto (RS$,US$,P$) vcs tem no bolso.
  7. Depois disto começa a pressão e as ameaças: Vou apreender suas motos, não poderão pagar a multa no banco e etc. A famosa criação de dificuldades para a venda de facilidades, a extorsão usual.
  8. Quando começa o risco de perder a negociação, surge uma luz no fim do túnel e fecha-se o negócio.
No nosso caso, o que aconteceu foi simples após alegarmos que não tínhamos dinheiro suficiente na carteira,  o Sr. Guarda sugeriu que fossemos ao banco sacar la plata e voltar para pagar e desta forma não haveria nenhum problema. Desde que, somente se, fosse um de nós ao banco e os outros ficassem lá esperando ( esquemão sequestro). A conversa continuou após eu soltar algumas pérolas sobre a negociação em Portunhol do tipo "estranho" e "esquisita"; o gualda deve ter pensado : "Vou continuar né, tá estranho e esquisito"
Bom, o treco desandou quando um de nós surtou e mandou: "Me dá a multa, leva as motos e pára de tomar meu tempo". Vou pagar esta merda no banco, pelo menos vai pro governo, pensamos coletivamente. 
Em dois minutos o guarda voltou com um "desconto" ainda maior....dizendo que nos enquadraria em outro artigo e somente dois pilotos pagariam as multas e o terceiro sairia ileso graças a camaradagem.
Finalmente, os Smurfs ou a Policia Camineira, entrou no bom e velho esquema da propina....foi reduzindo o preço, as multas e os agravantes até chegarem no valor que havíamos dito ter na carteira, em um certo momento quando acreditávamos ser uma autuação séria. Em resumo, não devolveram nossos documentos, passaporte e etc até pagarmos as multas(propina). Acreditem ou não, os FDPs lavraram as multas com os artigos das multas que cabiam em nossos bolsos e fica a questão: As multas são verdadeiras ? Papai Noel existe ? Lula sabia ou não do mensalão?
Bom, seguimos para Buenos Aires; com muita cautela e tensão, pois os Gualdas nos roubaram e os postos não aceitariam o cartão (rima ridícula). Já em BUE o tradicional, entra na cidade, procura hotel não acha e fica sem gasolina. Opa, como assim , fica sem gasolina ? Sim, advinha quem ficou sem gasolina ? O Danzig ? Afinal é uma 883 com um tanque de 13 L....errado: EU! com um tanque de 20 L.
Passamos o dia em BUE com muita parrila, viño, chorizo, empanada, Norteña e City Tour.
Dia seguinte tocamos para Montevidéu via Colônia...nada de anormal a não ser por um infeliz oficial rodoviário que nos parou com a mesma ladainha do ladrão/policial da Argentina. De primeira já lançamos com muita ênfase, cara feia e mau humor : Se vai multar, manda pau. Não temos dinheiro e pagaremos no banco, vale?
Funcionou. O solícito policial rodoviário mandou  "Buen Viaje" e nós gentilmente retribuímos com um "Vai à merda!"
O destaque foi para nossa estadia em Montevidéu. Decidimos parar para fazer compras...rsrsrsrs. Paramos na HD e dá-lhes troca de pneus, comando avançado para a Iron e assim vai. No período entre troca de pneus e instalação do comando avançado, decidimos procurar hotel. Uma alma abençoada, para compensar o infeliz e solícito oficial, nos ajudou a procurar o hotel. Sú nombre, Xavier. O cara era um funcionário da HD, colocou-nos na caçamba, eu e Danzig, enquanto Daniel foi no banco do passageiro e saímos na procura do hotel. 



Danzig

O passeio demorou algumas horas, não havia hotel disponível na cidade, fomos a muitos e nada disponível. Durante este período, a diversão foi garantida. Xavier soltou cada pérola... Vou listar algumas que me lembro:
  • Os uruguaios são honestos porque são descendentes de espanhóis e não italianos, como os argentinos . (??????)
Frase proferida após contarmos o incidente na Argentina, mas não falamos do mesmo no Uruguay.
  • Não sou casado legalmente, mas assim como todo homem no mundo todo, minha mulher arranca minhas bolas no fim do mês.(Um sábio)
  • A pior viagem que fiz foi a Bolívia, lá não há nada: Gasolina, rua e limpeza. As mulheres defecam na rua da segunda maior cidade do país.(Minha nossa, é assim mesmo ?)
  • O Hotel não é uma grande coisa, mas dá pra ficar.


Nossa passagem por Montevidéu valeu a viagem....os causos continuam....
Logo na entrada do hotel, no momento do check-in, surge de uma sala escura, um senhor muito elegante trajando uma linda, velha e surrada calça-jeans com uma perna mais escura que a outra, uma camisa xadrez e uma blusa de lã daquelas típicas de senhores de idade avançada. Espera aí, calça jeans com uma perna mais escura? Como assim...NNNNNÃÃÃÃÃÃÃOOOO! O dono do Hotel urinou em si mesmo ! creeeedddoooo! Isto no check-in......como será o hotel ? Meu Deus do céu !
Após o incidente bizarro notado por Danzig, The Eagle Eyes, seguimos em direção as motos para pararmos no estacionamento semelhante ao Shopping Morumbi. Não sei se citei, mas nosso amigo Daniel cuida um pouquinho da moto dele e vendo as fotos abaixo, imaginem como foi sua noite de sono ! Principalmente após as motos estacionadas e alguns operários chegando com esfirras, coxinhas, empanadas e etc. Vendo tal fato soltei :
- Dan, imagina aqueles quitutes esta noite ? Os escapamentos serão bastantes úteis.
HAHAHA. Pronto, a noite de nosso amigo estava completa.

Retornando com as malas do estacionamento nos deparamos com uma Besta/Topic/Van lotada com trabalhadores Chineses vindo do porto...Imaginem o Hotel.

Chegando no quarto tudo era no mínimo horroroso. Pra ter uma ideia, tivemos que dormir com a segunda pele, fechei todas as malas e coloquei saco plástico para fechar as entradas contra invasores indesejados e fui dormir na cama posta fora do quarto...na ante-sala da luxuosa acomodação.



Após a noite deliciosa, arejada e sofisticada no Hotel Poltergiest, recolhemos nossas coisas e seguimos para o Chui. No caminho, decidimos dar uma volta em Punta Del Este e almoçar por lá....como faltava poucos KMs para o Chui esta decisão não nos mataria de sono até o destino final.



Daí em diante foi tudo bem tranquilo até chegarmos a Curitiba. Dormimos na cidade do Chui, Balneário Camboriú e finalmente São Paulo. No Chui paramos na tradicional Pizza na Pedra, no lago uruguaio, após 'caroçarmos' nas lojas Duty-Free da cidade. Os preços são bons , um pouco mais caro para alguns produtos mas com uma grande variedade. Recomendo uma visita se estiver pela região.

O destaque infeliz deste trecho deu-se passando por Curitiba, Danzig caiu no único buraco da BR-116 onde se podia acampar dentro. Infelizmente, o buraco danificou a roda e o fez voltar no guincho. Era o fim da viagem para nosso companheiro. Após o reboque da BR-116 ter conduzido-nos a um posto de serviço em alguns minutos chegou o guincho e o táxi da Porto Seguro. Nossa que eficiência, não !? Não! O guincheiro nos viu chegando e "atracou" na esperança de conseguir um trabalho naquela tarde de chuva....nós pensamos que isto era ótimo, pois ficaríamos alí 10min e pronto. Errado mais uma vez ....precisamos cancelar o outro guincho e abrir um chamado pra este que chegou. O processo foi super rápido e após 90min no telefone, à beira da estrada e debaixo de chuva e com o guincho parado ao lado de nossas motos, conseguimos finalizar o processo.

Para não deixa-lo voltar sozinho, o Daniel seguiu junto com o Danzig e eu segui em frente pra SP. A chuva era torrencial e como diria um amigo: Eu fui devorando os KMs da estrada.Quem anda de moto sabe o que significa isto. Fiz 310Km de BR debaixo de chuva e cheguei a SP as 17:40hs do dia 14 de Novembro, era o fim de mais uma jornada !

Fte Abs a todos os amigos que acompanham este blog e até breve.